Abstract
A ergoespirometria usando exercícios de membros superiores apresenta
uma grande relevância na avaliação de paratletas de diferentes modalidades
esportivas. Tradicionalmente, os testes usando o ergômetro de braço estabelecem
a posição sentada como referência (BAUMGART et al., 2019). No entanto, em
virtude da especificidade gestual de modalidades como handcycling (posição
reclinada) e natação (posição pronada), não se sabe claramente qual o efeito das referidas posições nas variáveis cardiorrespiratórias derivadas da testagem
incremental. Desta forma, este estudo teve como objetivo comparar os valores de consumo de oxigênio pico (VO2pico), frequência cardíaca pico (FCpico) e potência mecânica máxima entre três testes incrementais realizados em ergômetro de braço, respectivamente nas posições sentada, reclinada e pronada. Nove homens saudáveis (idade: 30 ±10 anos; massa corporal 74,7 ± 8,8 kg) realizaram três testes em um ergômetro de braço mecânico adaptado (Monark) para as três posições (Aprovação do comitê de ética em pesquisa, CAAE: 80935224.0.0000.0121). Para posição reclinada, os participantes ficaram com os membros inferiores suspensos em uma plataforma a fim de manter uma relativa horizontalidade do corpo. Apenas no teste reclinado um dos lados do pedivela foi invertido para manter a pedalada síncrona, simulando a pedalada típica do handcycling. Para os testes sentado e pronado o pedivela foi mantido alternado. No teste em posição pronada, os participantes deitavam em decúbito ventral em uma maca posicionada em frente ao ergômetro, simulando a posição de nado crawl. Todos os testes iniciaram com 30 watts e foi aumentado 15 watts a cada minuto até a exaustão voluntária. A cadência foi mantida constante em 60 rpm por meio de metrônomo. Uma ANOVA
para medidas repetidas foi utilizada para comparar os valores obtidos nos 3 testes. A potência máxima atingida no teste sentado (129 ± 25 watts) foi significantemente
superior ao obtido na posição reclinada (107 ± 14 watts), que por sua vez foi maior do que a posição pronada (81 ± 22 watts). No entanto, o VO2pico não apresentou diferença entre as posições sentada (28,7 ± 3,2 ml/kg/min), reclinada (27,9 ± 2,7ml/kg/min) e pronada (26,2 ± 3,0 ml/kg/min). Interessantemente, a FCpico foi significativamente maior para a posição sentada (168 ± 17 bpm) quando comparada a posição pronada (150 ± 13 bpm) e à posição reclinada (158 ± 15 bpm), mas sem diferenças entre as posições pronada e reclinada (p > 0.05). A partir destes resultados, conclui-se que o VO2pico não é influenciado pela posição do teste em um ergômetro de braço, enquanto a FCpico e a potência máxima são influenciadas pela posição. Desta forma, o uso dos valores de potência mecânica e FC derivados de testes em ergômetro de braço devem tentar atender a especificidade posicional das modalidades paralímpicas que desempenham predominantemente com membros superiores.
uma grande relevância na avaliação de paratletas de diferentes modalidades
esportivas. Tradicionalmente, os testes usando o ergômetro de braço estabelecem
a posição sentada como referência (BAUMGART et al., 2019). No entanto, em
virtude da especificidade gestual de modalidades como handcycling (posição
reclinada) e natação (posição pronada), não se sabe claramente qual o efeito das referidas posições nas variáveis cardiorrespiratórias derivadas da testagem
incremental. Desta forma, este estudo teve como objetivo comparar os valores de consumo de oxigênio pico (VO2pico), frequência cardíaca pico (FCpico) e potência mecânica máxima entre três testes incrementais realizados em ergômetro de braço, respectivamente nas posições sentada, reclinada e pronada. Nove homens saudáveis (idade: 30 ±10 anos; massa corporal 74,7 ± 8,8 kg) realizaram três testes em um ergômetro de braço mecânico adaptado (Monark) para as três posições (Aprovação do comitê de ética em pesquisa, CAAE: 80935224.0.0000.0121). Para posição reclinada, os participantes ficaram com os membros inferiores suspensos em uma plataforma a fim de manter uma relativa horizontalidade do corpo. Apenas no teste reclinado um dos lados do pedivela foi invertido para manter a pedalada síncrona, simulando a pedalada típica do handcycling. Para os testes sentado e pronado o pedivela foi mantido alternado. No teste em posição pronada, os participantes deitavam em decúbito ventral em uma maca posicionada em frente ao ergômetro, simulando a posição de nado crawl. Todos os testes iniciaram com 30 watts e foi aumentado 15 watts a cada minuto até a exaustão voluntária. A cadência foi mantida constante em 60 rpm por meio de metrônomo. Uma ANOVA
para medidas repetidas foi utilizada para comparar os valores obtidos nos 3 testes. A potência máxima atingida no teste sentado (129 ± 25 watts) foi significantemente
superior ao obtido na posição reclinada (107 ± 14 watts), que por sua vez foi maior do que a posição pronada (81 ± 22 watts). No entanto, o VO2pico não apresentou diferença entre as posições sentada (28,7 ± 3,2 ml/kg/min), reclinada (27,9 ± 2,7ml/kg/min) e pronada (26,2 ± 3,0 ml/kg/min). Interessantemente, a FCpico foi significativamente maior para a posição sentada (168 ± 17 bpm) quando comparada a posição pronada (150 ± 13 bpm) e à posição reclinada (158 ± 15 bpm), mas sem diferenças entre as posições pronada e reclinada (p > 0.05). A partir destes resultados, conclui-se que o VO2pico não é influenciado pela posição do teste em um ergômetro de braço, enquanto a FCpico e a potência máxima são influenciadas pela posição. Desta forma, o uso dos valores de potência mecânica e FC derivados de testes em ergômetro de braço devem tentar atender a especificidade posicional das modalidades paralímpicas que desempenham predominantemente com membros superiores.
Translated title of the contribution | Arm ergometer testing: comparison from different body positions |
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Original language | Portuguese (Brazil) |
Publication status | Accepted/In press - 12 Nov 2024 |